sábado, 22 de fevereiro de 2014

Educação para quê? Escrito por Gisele da Silva Rezende São muitos anos de submissão para a "liberdade de expressão" ser incorporada de fato. Elis Regina na música Como nossos Pais já dizia: "Não quero lhe falar meu grande amor das coisas que aprendi nos discos" e todo o resto da canção, falava sobre as influencias vivenciadas ao longo de sua vida com a convicção de que os fenômenos de alienação não interferiram em sua trajetória/ individualidade. No fim, nosso convívio/carga genética fala mais alto, é difícil nos libertar de um pensamento pragmático. Adentra hoje no sistema educacional um número acentuado de pessoas querendo desvencilhar-se de uma consciência crítica e é quando surge uma questão: Para onde a educação deve conduzir? Adorno diria que uma Democracia efetiva só pode ser imaginada enquanto uma sociedade de quem é emancipado, mas diante de uma situação social, política e econômica complexa/ confusa, é quase que impossível ser imparcial/ justo. Para muitos é cômodo permanecer seguindo orientação de vários meios de comunicação a fim de que o indivíduo permaneça alienado, ou como diria Kant: fortaleça sua menoridade "A organização do mundo converteu-se a si mesma imediatamente em sua própria ideologia. Ela exerce uma pressão tão imensa sobre as pessoas, que supera toda a educação." (ADORNO, Theodor) Referências: ADORNO, Theodor W., 1903-1969. Educação e Emancipação; Tradução Wolfgrang Leo Maar. -Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Uma Literatura com Potencial Emancipatório?

Como perceber a tentativa de comunicação de experiência na literatura Kafkaniana no sentido/ como potencial emancipador? Entender o contexto da vida de Franz Kafka nos ajuda a compreender suas escritas carregadas de mistérios, desilusões e inquietude, em relação à forma subjetiva da experiência que cada indivíduo tem com o mundo. Além disto, a tentativa/ exercício de comunicação da experiência perceptível na obra de Kafka pode funcionar como categoria de análise para a função social desta linguagem: Literatura. Em qualquer que seja sua obra é possível refletir sobre nossas características, pensamentos divergentes ou não, comportamentos diante de diversas situações muitas vezes comuns apesar da posição em um determinado grupo de pessoas quer sejam familiares, colegas de trabalho ou amigos pessoais, nossa individualidade é mantida. Sua escrita revela a importância de ponderar/ analisar nossas atitudes considerando todo o contexto antes de expor prévios julgamentos sobre seus personagens. A subjetividade de Kafka sugere que mesmo desfrutando de um mesmo convívio quer seja pessoal ou profissional o que deve ser semelhante/ comum aos homens é a moral e a sensibilidade no exercício de nossa suposta autonomia. Como não nos perceber diferentes apesar de estar dentre “iguais”, sem respeitar a individualidade de cada um? Que comportamento está servindo de exemplo abrangendo um público ainda maior como modelo? É mais comum, e cômodo também, ao indivíduo deixar- se influenciar pela opinião alheia e orientar- se pelo que a maioria decide ser melhor. Desta maneira julgar e apontar o “erro” alheio parece demonstrar autonomia e firmeza. É como se só o outro tem problema. Qual a participação da escola neste contexto? Graças a muitos pesquisadores da área de Educação, hoje temos uma escola mais flexível, mas não mais autônoma, cada vez mais a escola precisa atender o desejo de uma sociedade desorientada em razão dos mandos e desmandos de governantes incapazes/ desqualificados para a função, porém bem cientes de suas intenções cada vez mais egoístas, justificadas pela nação que os elege. À medida que a literatura de Kafka narra acontecimentos ainda atuais, com personagens comuns tanto em sua aparência como em seu comportamento, será possível refletir e contribuir com nossas atitudes, considerando personagens que fogem ao padrão de beleza, situações de glamour e ao que propunha a grande maioria de pessoas com as quais o personagem principal convivia. É a subjetividade de Kafka no ato de compreender o que diz as entrelinhas, ir além das palavras. “A função da escola vai além de apenas passar o conteúdo. Mas isso não livra os pais do seu papel de educar e construir o caráter dos filhos”. (ESDRAS LORETO) O trabalho de Letramento é visto com maior frequência hoje nas escolas, a fim de favorecer o raciocínio, mas de difícil compreensão para professores que deixam em um momento de produzir suas aulas (décadas atrás), para apoiar- se em trabalhos alheios de pesquisa e produção. Nenhuma pesquisa é cobrada de forma qualitativa aos que estavam ou estão em período de formação, apenas que obedeçam ao que exige as leis e documentos da escola. “Há evidências cada vez mais fortes de que certos traços de caráter e personalidade, como persistência e autocontrole, são tão determinantes para a vida estudantil e profissional quanto saber português e matemática”. (CAMILA GUIMARÃES) Os personagens de Kafka demonstram estranhamento diante de tanta insensibilidade, indiferença para com os semelhantes, o que faz o leitor supor e considerar que trata- se de um autor depressivo/ insensato. Sua história pessoal é de fato triste, era um membro da família invisível, porém rentável por manter a casa, contudo seus escritos querem tornar muitos que identificam- se com seus personagens em protagonistas em seus espaços/ contextos. É um autor a frente do seu tempo capaz de permanecer atual apesar de mais de um século depois. A literatura de Kafka propõe o letramento, o desafio atual é organizar esse tipo de ensino, uma leitura de mundo ampla, pois não é possível compreender sua obra apenas abster- se exclusivamente no personagem principal, é preciso considerar o contexto/trama para entender o comportamento dele no desdobramento da história, fatos que interferem em seu modo de agir. A escola contemporânea requer o letramento como peça de engrenagem que irá oportunizar o sucesso tanto na vida pessoal como profissional. Não é mais possível ficar preso a livros didáticos ou romances utópicos que permitem ao indivíduo desacreditar no próximo e aceitar o fardo que carrega. A mídia tem relatado sobre geração diploma que tem deixado muito a desejar no mercado de trabalho e trazido diversos problemas na segurança, bem estar e relacionamento social, acarretando transtornos psíquicos e comportamentais em larga escala. “O homem contemporâneo não cultiva o que não pode ser abreviado”. (WALTER BENJAMIN) Escrito por Gisele da Silva Rezende Referências  KAFKA, Franz. O Processo. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.  ADORNO, Theodor. Educação e Emancipação. Trad. Wolfang Leo Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.  BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução Sérgio Paulo Rouanet; prefácio Jeanne Marie Gagnebin – 8ª Ed. revista – São Paulo: Brasiliense, 2012.  GUROVITZ, Helio. A vida dele vale tanto quanto a sua?. Caixa Postal. Época, São Paulo, SP, n.805, p.22, out. 2013.  GUIMARÃES, Camila. Caráter se aprende na escola. Fronteiras da Educação. Época, São Paulo, SP, n. 804, p. 58, out. 2013.